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domingo, 2 de agosto de 2009

QUANDO MURMURAR FAZ BEM



"Assim diz o Senhor:eis que farei chover do céu o pão (...) ao crepúsculo da tarde, comereis carne (...)"


Foi nessa manhã de domingo que sentir-me fortemente aliviada após ouvir o sermão dominical. Eu estava vivenciando um conflito e uma enorme sensação de está numa linha tênue entre crer ou não nas promessas de Deus. Alguns meses atrás eu foi extremante radical ao afirmar para uma grande amiga minha que não ia mais lamentar da vida e tampouco murmurar. Quem é leitor assíduo do meu blog deve está lembrado que escrevi aqui um texto sobre “O Muro das Lamentações”. Pois bem após várias desventuras em série em minha vida foi compelida a escrever sobre a minha tão certa decisão.

Felizmente eu não fui muito feliz com essa decisão tão radical, pois é, ao dizer felizmente ainda trilho pelo caminho de não lamentar e nem murmurar. Então, desde essa tomada de sábia decisão de trilhar um caminho agradecendo a Deus, mesmo que o caminho pareça obscuro, vários acontecimentos começaram a surgir subitamente na minha vida, de uma forma tão sutil querendo muitas, me roubar de mim mesma, e digo mais eu estava vivendo a contradição das promessas que Deus tem para os seus filhos, e por muitas vezes eu me sentir submersa na encruzilhada das incertezas. Para alguns que ainda não sabem, eu fiz parte de um movimento grevista dos servidores da Secretaria do Recife e nosso pleito não foi atendido conforme era nosso desejo e hoje vivo na sombra de ainda receber um considerado desconto na minha folha de pagamento pelos dias parados, embora isso seja apenas “boatos”, mas tudo bem eu supero!

Para completar a história das desventuras em série eu sofri novamente um assalto com agressão física, por dois cidadãos na rua da minha casa que, além de levarem meus pertences pessoais, levaram todo meu catálogo das minhas pinturas em tela, pincéis, tintas e etc... Ainda caída no chão do desespero eu não sabia que aquilo era um pesadelo ou realidade. Eu não conseguia me levantar, mas de súbito tive que agir e sair correndo rumo a minha residência... Quando finalmente eu recobrei minha razão, debaixo do chuveiro eu chorei todas as minhas perdas até então vivenciadas... O sentimento naquele presente momento era... Roubaram-me de mim, e para completar mais ainda a minha angústia eu sentir uma presença tão forte do nosso acusador, numa tentativa opressora de levar-me ao desespero das lamentações. Eu coloquei as mãos na minha cabeça e disse – Meu Deus, faça-o (nosso opositor) parar, porque, eu sei que Tu estás no controle de minha vida – continuei – esta difícil, mas eu Te agradeço por tudo, porque o ladrão levou meus objetos investidos de afetividade e sentimento, mas não levou minha vida, pois esta pertence a Ti. Confesso que isso foi melhor do que um Rivotril de 2 mg, mas mesmo assim precisei da ajuda do medicamento para poder dormir.

Assim como o povo de Israel, muitos de nós no caminhar escaldante do deserto da vida, nos encontramos em certas situações que nos conduzem a lamentar e até mesmo murmurar.
Na saída do povo de Israel da escravidão do Egito, livro denominado na Bíblia como Êxodo, lemos no capítulo 16 algumas situações de desespero do povo de Deus frente às dificuldades encontradas no deserto. Pois bem, para melhor exemplificar o que proponho compartilhar com vocês nesse texto considero importante descrever aqui as palavras que podem ilustras o tema de hoje. Diz o texto no vs 2 : “ Todas a congregação dos filhos de Israel MURMUROU contra Moisés e Arão no deserto, 3 disseram-lhes os filhos de Israel: Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor, na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne e comíamos pão a fartar! Pois nos trouxeste a este deserto, para matardes de fome todas esta multidão."

Quem conhece a trajetória do povo de Israel a partir das escrituras sagradas, e a até mesmo da história, sabe que, este povo foi escolhido por Deus para receber a terra prometida, bem como, de sua linhagem o Messias viria para Salvar o mundo. A promessa dada a Abraão muito antes de o povo ser escravizado foi comparada as inúmeras estrelas incontáveis no céu. Além do mais, a forma como Deus cuidou do seu povo no Egito foi à prova viva e cabal que Ele estava no controle de tudo. Só para lembrar: Todas as pragas enviadas ao Egito não assolou, sequer, um filho de Israel, mas devastou o povo egípcio.

E agora diante da dificuldade da fome o povo começou a murmurar acusando Moises de assassino. Eu, nem de longe, queria está na pele desse homem, que historicamente é considerado um dos maiores ícones de liderança cristã. No entanto, quero refletir um pouco mais sobre esse sentimento de desespero que desviou a fé do povo de Israel das promessas feitas por Deus.
Ainda caminhando na trajetória do sermão desse domingo, que teve como temática este assunto em pauta, foi bastante instigada e re-ver meu deserto subjetivo.

O que é MURMURA? – Foi assim que o pastor iniciou o sermão. Quando nos deparamos com algumas perguntas que tem respostas óbvias sobre o significados de palavras que fazem parte do nosso universo semântico e vocabular, a resposta vem subitamente e nem ao menos nos damos conta de que há muitas palavras na língua portuguesa que possui significados diferentes dependendo de sua contextualização.

Para o dicionário Laurousse Murmurar significa – falar mal de alguém, lastimar-se, resmungar, reclamar, maldizer, conceder mau juízo.
Eu não entendo, o povo de Israel cometeu o pecado da murmuração. Mas é muito estranha a forma como Deus respondeu ao pecado do seu povo. Diz o vs 4: "Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vós farei chover do céu pão, e o povo saíra e colherá diariamente a porção para cada dia (...) disse mais o Senhor: Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel; dize-lhes: Ao crepúsculo da tarde, comereis carne, e , pela manhã vós fartareis de pão, e sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus."

Então, amados, percorrendo ainda na tentativa de entender outros significados da palavra MURMURAR encontramos algumas versões nos dicionários que dizem o seguinte: Murmurar é sussurrar, lamentar-se com voz plangente, triste, produzir um som leve, segredar.
Confesso do fundo do meu coração que foi liberta de uma opressão que há muito estava me atormentando, quando muitas vezes em oração eu achava que estava pecando ao murmurar minhas súplicas diante de Deus. Mas hoje tive as minhas forças renovadas e minha fé confirmada em Deus. Hoje eu tive a sensação que posso entrar na presença de Deus de forma mais humana e colocar diante dele meus lamentos plangentes e segredar aquilo que minha alma anela. Isso na verdade é mais um passo para construção da busca de uma intimidade com Deus.
Feliciano Amaral canta em uma de suas belas músicas que é preciso deixar todo no altar e na presença de Deus derramar, pois só assim poderemos ver que o Senhor tem poder para responder todas as nossas súplicas, mas desde que tudo, tudo mesmo possa esta colocado no altar do Senhor.

O povo de Israel numa situação melhor que a primeira teve suas preces respondidas. E no deserto Deus com seu infinito amor preparou um banquete que foi saboreado por eles durante todo aquele percurso escaldante do deserto.

Agora entendo que nossos desertos, são os melhores lugares para sentirmos a poderosa glória e graça de Deus. Não importa as circunstâncias do deserto é lá que Deus quer revelar a sua grandiosidade e a seu incomensurável amor.

Quem nos separará do amor de Deus? Serão as dificuldades financeiras, a ausência de um amor, o desemprego, a solidão que devasta nossa existência, o sentimento de fracasso nos negócios, os percalços, os infortúnios... sei lá qualquer coisa que afligi nossa alma, que ofusque nossa esperança, que usurpe nossas certezas?

Eu sei, e estou bem certo, que nem a morte nos separará do amor de Deus. Pois somos filhos de Deus por sua Graça! E Ele tem cuidado de nós, e nos acolhido nas sombras de suas asas!
Amém! Deus seja louvado!


O DESERTO
Iris Maria

Senhor! É deserto o caminho que atravesso
Só Tu amado mestre me viste passar
Mesmo sentindo-me estranha e só
E mesmo no deserto, comigo Tu estás

Por isso, só agora eu percebo
Que o céu é maior
E que a Tua presença
Pai querido é certeza, é singular

Senhor! É deserto o caminho que atravesso
Mas foi nesse deserto que Te encontrei
Bem perto eu cheguei onde o Senhor está
E mesmo eu sendo uma mortal

Meu coração vai resistir
Eu sei que vai existir
Um lugar, onde possa sossegar
E em teus braços, Senhor
Eu vou me aconchegar,
E nas tuas promessas
De hoje em diante vou esperar, sem hesitar


Senhor! É deserto, o caminho que atravesso
A solidão, eu sei, não posso evitar
Meu coração sonha e deságua
Dentro de mim, mas não vou fugir de Ti

Coloca-me em teus braços
Porque o deserto, não é um
Caminho sem fim...

Se Tu Senhor me disser, só depois
Vai doer, não vou mentir pra mim,
Se Tu Senhor me disser, só um pouco mais
Ajuda-me, dá-me mais graça, enfim!
Graça e Paz
Iris